A lógica da melhor solução

Artigo de André Soares - 29/12/2021  

 

  

 

No contexto do livre arbítrio, indubitavelmente o ato que mais se realiza sistematicamente em todos os momentos da vida e que determinará absolutamente o êxito ou o fracasso pessoal é a ação de decidir. Decidimos a todo instante, sobre absolutamente tudo que nos envolve, desde as questões mais triviais; como, por exemplo, sobre que roupa vestir, as compras de supermercado, até às questões mais impactantes nos nossos desígnios, como no que devemos ou não acreditar, que profissão seguir, como investir, com quem se casar, ter filhos ou não, dentre outras. Todavia, para se decidir com acerto e oportunidade e ser bem-sucedido na vida é imprescindível saber adotar em todas as situações não apenas uma ótima solução, mas a melhor possível, principalmente para os problemas mais sérios e decisivos. E isso é possível? Claro que sim! Significa então que existe uma fórmula da melhor solução? Claro que não! Existe ao menos o caminho da melhor solução? Também não! Mas a boa notícia é que a melhor solução possível, para toda e qualquer situação ou circunstância, seja ela qual for, tem uma lógica; embora a humanidade esteja sempre e cada vez mais distante dela. Porque o êxito, o sucesso e a realização pessoais sempre foram e continuarão a ser apanágio apenas de raríssimas e especialíssimas pessoas que, dentre outros atributos, sabem não apenas desvelar a lógica da melhor solução, mas também perseverar nesse desiderato.

Nesse sentido, é importante descobrir que se não existe uma fórmula ou caminho para se alcançar a melhor solução para tudo, por outro lado há uma lógica para se chegar a ela. Contudo, a mais importante das descobertas é a revelação de que a lógica da melhor solução não é afirmativa-indutiva, como evidentemente se imaginaria; mas, contrariamente, é uma lógica exclusiva-dedutiva, como provavelmente nunca se imaginaria. Portanto, a lógica da melhor solução consiste primeiramente em se identificar os graves e perigosos erros que demandam às soluções equivocadas e enganosas, para evidentemente saber evitá-los imediatamente e definitivamente na vida. A partir daí, deve-se analisar discricionariamente o real espectro de opções mais favoráveis à solução pretendida, que se descortinarão inteligentemente ao cenário em questão.

Destarte, os graves e perigosos erros que demandam às soluções equivocadas e enganosas, que devem ser imediatamente identificados e evitados, estão classificados em três principais grupos. O primeiro deles é o grupo das soluções fáceis e rápidas. Este grupo constitui a tendência geral que irresistivelmente acomete a imensa maioria das pessoas na busca desesperada pelo solucionamento generalizado de suas questões. Contudo, essas soluções invariavelmente são majoritariamente equivocadas e enganosas, demandando induvidosamente, normalmente em médio e longo prazos, ao fracasso pessoal e a consequências deletérias diversas. Dentre os infindáveis e persistentes exemplos, podemos citar: “colar” nas provas escolares, ao invés de estudar e aprender; tentar a sorte com vultosos recursos em jogos de azar; reclamar e chorar, ao invés de reagir, propor, solucionar e corrigir; automedicar-se, ao invés de buscar orientação médica; viver às custas dos pais, maridos, esposas, ou de quem quer que seja, ao invés de trabalhar, produzir, ter autonomia e autossuficiência; casar acomodado(a) sob o paradigma “antes mal acompanhado(a) do que só”, ao invés de viver apaixonado(a) sob a máxima “antes só que mal acompanhado(a)”, etc.

O segundo grupo dos graves e perigosos erros que demandam às soluções equivocadas e enganosas é o das soluções mais baratas ou de mais baixo custo, em detrimento da qualidade do que se pretende comprar ou adquirir. Da mesma forma que o grupo anterior, essa tendência enganosa também acomete irresistivelmente a esmagadora maioria das pessoas, demandando consequentemente a decisões de natureza econômico-financeira desastrosas, muitas das quais decisivas e cruciais em determinado período da vida, e que por vezes envolvem elevados valores e recursos pessoais, que muitas das vezes conduzem legiões de pessoas à falência total, ou a endividamentos intermináveis, colapsando irremediavelmente suas vidas. Dentre os infindáveis e persistentes exemplos, podemos citar a compra generalizada de produtos ou serviços de qualidade duvidosa, e o investimento de recursos em negociações ou aplicações que prometem lucros extraordinários e com garantias obscuras ou suspeitas.

O terceiro grupo dos graves e perigosos erros que demandam às soluções equivocadas e enganosas é o das soluções majoritárias, consensuais, ou unânimes. Contudo, diferentemente dos dois grupos anteriores, cujos erros e consequências negativas serão inevitavelmente reconhecidos por suas vítimas por mera questão de tempo; já os erros e consequências negativas deste terceiro grupo, por não serem perceptíveis, serão sofridos desconhecidamente pela esmagadora maioria das pessoas, por toda a vida; inviabilizando de ante mão qualquer mínima esperança de sucesso pessoal. 

Nesse mister, não por acaso, devemos reverenciar a sabedoria do saudoso e incompreendido dramaturgo Nelson Rodrigues, que profetizou escancaradamente aos ineptos, dentre outras de suas máximas primorosas,  que “toda a unanimidade é burra!”. Isso mesmo! Portanto, muito cuidado com soluções majoritárias, consensuais, ou unânimes, de toda ordem! Porque somente quem detiver sabedoria e tirocínio transcendentais saberá identificar quando elas são ardilosamente e perigosamente falsas e inverídicas. É exatamente por isso que este terceiro grupo é praticamente impossível de ser identificado e evitado definitivamente pelas pessoas. Na verdade, a inevitabilidade da vida é que a esmagadora maioria da humanidade sempre sofrerá irremediavelmente por incorrer nesse grave erro, acreditando perigosamente nas mais escabrosas mentiras, conduzindo inescapavelmente suas vidas ao infortúnio. Portanto, por motivos óbvios, lamentavelmente esse é o único grupo dos graves e perigosos erros que demandam às soluções equivocadas e enganosas que não exemplificarei aqui.

Contudo, persisto ainda em nesse sentido, sinalizando que qualquer pessoa de inteligência mediana já deve ter notado que as raríssimas pessoas bem-sucedidas no mundo, em todas as mais diversas searas possíveis, alcançaram o seu sucesso pessoal fazendo todas elas a mesma coisa: “carreira solo”. Ou seja, sabem pensar, decidir e agir exclusivamente por si mesmas, e principalmente fugindo das soluções majoritárias, consensuais, ou unânimes. Você nunca percebeu isso? Pois então saiba que estas raríssimas pessoas foram bem-sucedidas porque descobriram o mais importante: a direção da melhor solução.

Que direção é esta? A lógica da melhor solução ensina que a sua direção varia caso a caso. Mas, o mais importante é que, na imensa maioria das vezes, a direção da melhor solução não é:

  • 1) Das soluções fáceis e rápidas;
  • 2) Das soluções mais baratas ou de mais baixo custo;
  • 3) Das soluções majoritárias, consensuais, ou unânimes.

Portanto, agora que você já sabe encontrar a direção da melhor solução, para alcançá-la e aplicá-la definitivamente em sua vida deve-se analisar discricionariamente o real espectro de opções mais favoráveis à solução pretendida, que se descortinarão inteligentemente ao cenário em questão. Portanto, estude profundamente Lógica, que é o principal ramo da Filosofia; e tenha coragem inquebrantável para, por meio dela, desvelar a verdade verdadeira.


 

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