Heroísmo, ou estupidez?

Artigo de André Soares - 18/08/2017

 

 
 
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Você é herói ou covarde? Se eu tivesse que apostar alto, com todo o devido respeito, apostaria que você é covarde. Por que? Porque a esmagadora maioria da humanidade assim o é. Portanto, adoraria que o mundo me desafiasse; pois, apostando pesado que as pessoas são covardes, tornar-me-ei, em tempo recorde, a pessoa mais rica do mundo, acertando em no mínimo 99,999% das vezes. Agora, se você fizer parte do percentual de 0,001% (se muito) do universo dos heróis, significa que corre grande perigo. Porque indubitavelmente terá o mesmo destino. Pois heróis sacrificam suas vidas e até morrem em prol de um “bem maior”. Mas, então, o perigo que se corre em ser herói é morrer? Resposta: Não. O perigo é confundir heroísmo com estupidez. 

A grande verdade é que a absoluta maioria dos heróis morre como estúpidos, desperdiçando suas vidas. Pois são manipulados pela esmagadora maioria covarde, em prol de um pseudo “bem maior”; seja ele um sentimento; uma ideologia; uma pessoa; ou o pseudo “bem maior” que mais mata no mundo: o amor a Deus e o amor à Pátria. Afinal, a estupidez dos heróis é sempre muito útil à covardia da humanidade, que sempre os manipula facilmente, eternizando-os como mártires, conquanto a maioria morra em vão no anonimato. 

Essa estratégia insidiosa tem sido a mais eficiente para a manutenção na face da terra da supremacia da espécie “homo covardis”, que invariavelmente comanda e governa as sociedades, por meio da manipulação, desde que o mundo é mundo. Destarte, ao longo da história, os súditos são manipulados pelos religiosos inescrupulosos, os soldados são manipulados pelos comandantes carreiristas, os cidadãos são manipulados pelos governantes corruptos, os alunos são manipulados pelos professores doutrinadores, os espectadores são manipulados pela mídia tendenciosa, e os filhos são manipulados pelos pais manipulados. 

Vejamos o caso mais dramático que é o dos soldados que morrem na guerra, em defesa da pátria. Nesse contexto, considerando que todos os cidadãos são iguais e que a defesa da pátria é dever de todos, homens e mulheres: por que então, na guerra, somente os soldados são obrigados a sacrificar suas vidas, e a sociedade civil não? 

Ou será que a vida dos soldados tem menos valor e importância que a dos civis? Porque, se for assim, significa que os soldados integram uma categoria inferior de cidadãos: "os descartáveis". Assim, por que então alguém, com níveis mínimos de inteligência, aceitaria fazer parte da categoria inferior de “soldados da pátria”, tornando-se um ser descartável para morrer na guerra?

Resposta: Só se for estúpido, masoquista, ou suicida. 

Por outro lado, se todos são verdadeiramente iguais como preconiza o direito universal, se a defesa da pátria é dever de todos: por que então somente os soldados têm a obrigação de prestar o juramento solene de defender a pátria com o sacrifício da própria vida, e os civis não têm a obrigação de prestar tal juramento? 

Hipótese 1: Porque soldados são uma categoria superior porquanto são possuidores de nobre caráter, força moral e coragem de morrer pela pátria, atributos de cidadania que os civis não têm.

Bem, por essa hipótese, significa que os soldados fazem parte de uma categoria superior e mais importante de cidadãos: "os nobres". Seguindo este raciocínio: por que então alguém, com níveis mínimos de inteligência, aceitaria fazer parte da categoria superior de “soldados da pátria”, disposto a morrer na guerra em defesa do país, mas recebendo tratamento igualitário aos civis?

Resposta: Só se for estúpido, masoquista, ou suicida. 

Hipótese 2: Porque, na verdade, a defesa da pátria com o sacrifício da própria vida é dever exclusivo dos soldados e não dos civis. 

Bem, por essa hipótese, significa ser inverossímil o direito universal e cívico que professa que a defesa da pátria é dever de todos, homens e mulheres. Seguindo esse raciocínio: por que então alguém, com níveis mínimos de inteligência, aceitaria fazer parte da categoria de “soldados da pátria” e morrer na guerra em defesa do país, quando poderia igualmente integrar a categoria dos civis, sem qualquer obrigação de sacrificar sua própria vida?

Resposta: Só se for estúpido, masoquista, ou suicida. 

Vivemos num mundo de manipulação, em que todos são manipulados pela perfídia dos covardes, não apenas os soldados. Portanto, principalmente se você fizer parte da especialíssima categoria dos heróis, reflita profundamente e tenha o tirocínio de saber responder corretamente à traiçoeira pergunta: “É melhor ser um covarde vivo ou um herói morto?”. Porque o verdadeiro herói tem a inteligência de não se deixar enganar, sabendo que o melhor a fazer é valorizar sua própria vida e somente sacrificá-la em prol de algo que seja tão valoroso, digno e nobre quanto a ele mesmo, e principalmente que a reciprocidade do respectivo sacrifício lhe sejam igualmente verdadeiras. De resto, é muito melhor ser um herói vivo que morrer em vão e na estupidez, em prol da supremacia da mediocridade e covardia humanas.


 

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