O risco de golpe militar contra o governo Lula

Artigo de André Soares - 21/01/2023 

 

  

A conspiração perpetradora dos atos terroristas na Capital Federal, em 08/01/2023, é a reprodução malograda e às avessas da original Operação “Valquíria”, ocorrida na Alemanha nazista, que também foi uma conspiração dos generais alemães contra Adofl Hitler, durante a 2ª Guerra Mundial. Assim como na Alemanha, tratou-se no Brasil de uma tentativa de golpe de estado, que foi idealizado, planejado e executado pelos militares. E os atos terroristas, que depredaram o Palácio do Planalto, STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso Nacional, cuja tragédia vexatória não tem precedentes na história do país, constituem o alerta mais crítico de eminente risco de golpe militar contra o governo Lula.

Lembremos que golpe de estado é a tomada do poder político pelo emprego da força. E somente duas expressões do poder nacional o realizam com sucesso: o poder militar e o poder psicossocial. O poder militar viabiliza a tomada do poder pelo emprego da força das armas, e o poder psicossocial pela força revolucionária. Historicamente, os golpes de estado no Brasil foram protagonizados pelos militares, liderados exacerbadamente pelo exército, a exemplo da malfadada ditadura militar, implantada pelo golpe de 1964. E a assombrosa magnitude dos atos terroristas na Esplanada dos Ministérios, aliada à descomunal falência institucional do estado brasileiro em combatê-los, sinalizou claramente ao país que o sucesso de um golpe contra o governo Lula depende exclusivamente do comando militar. Porque, verdade seja dita, a tentativa de golpe bolsonarista de 08/01/2023 somente não se concretizou naquele momento porque a cúpula militar conspiradora se acovardou.

E o risco de golpe militar é ainda maior. Porque é incontestável que a majoritária parcela dos militares do país é bolsonarista e simpatizante do golpe contra o governo Lula, não se esquecendo dos policiais militares estaduais e toda a extensa família militar; tendo muitos deles participado ativamente dos referidos atos antidemocráticos. E o mais grave: o comando da conspiração golpista é exercido pela cúpula militar, que comanda a caixa-preta dos serviços secretos, a mais poderosa organização criminosa do país, absolutamente acima da lei. Nesse contexto, destaca-se a atuação do General Sérgio Etchegoyen, que foi ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo de Michel Temer; e cujo pai, general Leo Etchegoyen, e tio, general Ciro Etchegoyen, são acusados pela Comissão Nacional da Verdade de serem autores de graves violações de direitos humanos durante a ditadura militar. Pois o General Sérgio Etchegoyen, em recente entrevista, afrontou ameaçadoramente o presidente Lula, acusando-o de ter tido “ato de profunda covardia”, por declarar ter perdido a confiança em parcela das Forças Armadas. E a demissão pelo presidente Lula do recém-nomeado comandante do exército, general Júlio César de Arruda, comprova incontestavelmente a explosiva crise militar do seu governo.

Portanto, estão explicitamente identificados no cenário nacional os principais protagonistas conspiradores de um golpe contra o governo Lula, cuja iminência carece tão somente de um aspecto crucial: liderança militar. Significa que o único empecilho para o êxito de um fatídico golpe de estado no país é a covardia da cúpula militar golpista; o que, uma vez superado, demandará a reinstalação de mais uma famigerada ditadura militar no Brasil.


 

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