Um "país-deserto" de líderes chamado Brasil

Artigo de André Soares - 26/02/2023 

     

 

Os verdadeiros e legítimos líderes que compõem a nobre história do Brasil surgiram e ficaram todos eles no passado saudoso. Porque, desde então, há pelo menos mais de meio século, os genuínos líderes do país, em todas as searas da vida pública, desapareceram por completo do cenário nacional; dando lugar ao surgimento dos inúmeros oportunistas, “salvadores da pátria”; a exemplo dos que vem ocupando os mais elevados postos governamentais da atual conjuntura. E a pior notícia é que essas lideranças, das quais toda nação necessita imperiosamente para a sua sobrevivência e prosperidade, definitivamente não surgirão mais no Brasil. Só resta agora entender o porquê.

A liderança é um fenômeno exclusivamente de natureza pessoal porquanto emerge individualmente, a partir da figura do líder e do seu poder de influenciação sobre os liderados. Contudo, a sua manifestação também se dá exclusivamente no contexto psicossocial, emergindo no âmbito da coletividade. Significa que, para a manifestação do fenômeno da liderança, seja em qualquer grupo social, ou país, não basta apenas a existência de pessoas que eventualmente possuam esse raríssimo perfil. Porque é necessário, concomitantemente, a existência do raríssimo ambiente social que lhe seja favorável, sem o que o fenômeno da liderança não se manifesta.

Nesse mister, recorro a uma analogia perfeita para melhor compreensão. Sabemos que as mais raras árvores e frutos germinam somente a partir das sementes igualmente mais raras. Todavia, tais sementes somente germinarão sob condições especialíssimas e se semeadas também nos solos mais férteis. Nessa analogia, o fenômeno da liderança é idêntico. Porque, os eventuais raríssimos e autênticos líderes somente “germinarão” sua liderança genuína se estiverem inseridos num raríssimo ambiente social que lhe seja favorável, cuja “fertilidade” é a sua riqueza cultural, notadamente segundo rígidos e pujantes valores ético-morais.

É por esse motivo que, em todos os tempos, as maiores lideranças mundiais sempre emergiram majoritariamente nos países e sociedades de expressiva riqueza cultural e de pujantes valores ético-morais; e apenas excepcionalmente nos países de cultura e valores ético-morais degenerescentes, os quais estão fatidicamente condenados à pobreza, miséria, fome, desigualdades, criminalidade e a todas as demais mazelas da humanidade.

Portanto, como há tempos o Brasil vem sofrendo uma degenerescência cultural descomunal e irreversível de rígidos e pujantes valores ético-morais, tornou-se definitivamente um “país-deserto”, de solo infértil e estéril para a “germinação” de qualquer raríssima liderança verdadeiramente genuína, mesmo que supostamente ela possa existir potencialmente. É por essa razão que os verdadeiros e autênticos líderes foram literalmente exterminados completamente de todas as expressões do poder nacional, notadamente no campo político-social e militar, há mais de meio século. E, tragicamente, nunca mais surgirão, para o óbito inexorável do Brasil.

 

 

 


 

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